terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A arte de pegar um ônibus

Sua vida anda monótona? Você tem tendências suicidas? Está procurando alguma forma de aventura barata ou exercício físico forçado? Tenho aqui minha sugestão: Pegue um ônibus! Diariamente tenho que pegar um maldito bumba (my ox) do trabalho para casa (na ida tenho carona) e vou te contar que não é uma experiência agradável. Aliás, se tomarmos pela palavra "experiência", podemos tranquilamente dizer que aquilo é uma experiência para ver até onde vai a força do brasileiro.

Tudo começa no ponto de ônibus. Além da quantidade de gente que tem no ponto no horário de pico (em São Paulo horário de pico é das 4h da manhã até a meia noite), ainda temos os vendedores de qualquer coisa que possa ser pirateada que você possa imaginar. Além das marcas duvidosas, como SONYA, Tênis Mike, Fuma, Ardidas, Pop Station, Nokla, etc, ainda temos o famoso (e não tão bom) churrasquinho de carne (de felino), que solta uma fumaça dos infernos na sua cara (além da fumaça do tio do milho cozido). Esses camaradas ambulantes não deixam espaço para ninguém ficar no ponto, especialmente aos que desejam somente passar de uma ponta à outra da calçada. O pessoal se espreme e ainda reza para não chover, porque aí a diversão dos motoristas é escolher aquela poça de água para molhar os infelizes.  Depois daquela meia hora (mínima) costumeira, você resolve que estar num ônibus, mesmo que lotado, é melhor que ficar ali, certo? Ledo engano. 

Dentro do ônibus podemos conhecer a pior espécie de gente que existe. Temos os camaradas do funk no celular (também conhecidos como FDP), temos as senhoras (e senhores) com sacolas, temos os bafudos e fedidos e temos um pessoal que até hoje não entendo: Os tarados por porta. O ônibus que pego chama-se Termina Qualquer Coisa. Ele vai parar no Terminal Qualquer Coisa. É sabido disso, porque o camarada pega aquela joça todos os dias e desce no Terminal. Mas ele entra e para onde? Normalmente esse camarada está munido de uma sacola tamanho bunda-carla-perez. Eu acho que deve ser algum distúrbio, do tipo meencoxafobia, ou alguma coisa do gênero. Imagine que você tem que descer antes do Terminal Qualquer Coisa. Já é um parto o motorista filho de primos parar no ponto. Tudo depende do humor do condutor, que àquela altura está mais raro que uma papisa lésbica. Quando a porta abre, o cara da porta não alivia não. É do tipo, vou levar todo mundo comigo pro inferno. Você simplesmente tem que dar um mergulho (um mosh) por cima da sacola, por cima dos demônios tranca-porta, e cai dentro de uma churrasqueira do próximo ponto. Andar na brasa é coisa monótona pra mim. Nem preciso de santo daime nem nada.

Mas voltando à aventura dentro do ônibus, pois ainda não acabou, temos uma espécie também bem peculiar: As conversadoras contralto. São aquelas mulheres que gostam de falar sobre o dia, ou sobre o marido, ou sobre o patrão, só que uma fica na porta da frente e a outra na porta de trás, e óbvio que aquela que fala mais alto é a fêmea-alfa, por isso há uma disputa acirrada. Sua orelha fica no meio disso tudo, e aliado ao calor, ao fedor, ao encoxa, e ao pessoal carente, temos a visão dos quintos dos infernos. O pessoal carente é um pessoal que usa aquele desodorante mais forte que a química consegue combinar, e fica se roçando em você. Normalmente são mulheres feias (muito feias), pra piorar. Um dia desses olhei feio para uma que estava me empurrando mas perdi. Ela era muito mais feia. A arcada superior só tinha o Cafú, e a inferior não consegui ver, pois virei minha cabeça tão forte para o outro lado que arrebentei a testa no ferro do ônibus. Imagino que a arcada inferior também era só desgraça, mas a julgar pela arcada superior foi mais que suficiente a desejar arrancar meus olhos. 

E passar na catraca então? Tem infeliz que coloca o bilhete único no meio de uma carteira do tamanho de um X-tudo com salada, e é meio que óbvio que não vai funcionar o dispositivo da catraca. Aí a pessoa calmamente procura o bilhete dentro daquele cuscuz de papel e você ali esperando, desajeitado porque já tinha dado o passo sem chão (aquele passo que quando você levanta o pé já não tem mais chão para colocá-lo de volta, pois já tomaram seu espaço).

Enfim, andar de ônibus aqui em São Paulo é uma tarefa hercúlea que não desejo para ninguém. Infelizmente sabemos que isso vai continuar por muito mais tempo, porque ninguém reclama como deveria, e só se preocupam com o BBB e a Luiza que está no Canadá (mas será que já voltou?).



Um comentário:

Patricia Leal disse...

Muito bom!!!